quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

PETROLINA É CULTURA 22/01/09

As crendices populares são perpetuadas pelas gerações através da oralidade. Histórias são contadas de avós para

Crendices... Quem disse? vem de Diadema e tem a cultura popular como diretriz da trilha e das coreografias. Foto: Paulo Cesar/Divulgação
netos. "Cuidado, menino, não pode isso! Não pode aquilo!". Toda criança já ouviu essas frases relacionadas a coisas que a ciência não necessariamente comprova, mas a tradição jura que é verdade. São essas crendices que estarão hoje, às 20h30, no palco do Teatro de Santa Isabel, no Recife, no espetáculo da Companhia de Danças de Diadema (São Paulo). A apresentação está na programação do festival Janeiro de Grandes Espetáculos.

"Tínhamos muita vontade de trabalhar com elementos da obra de Ariano Suassuna, com a cultura popular dos textos dele. Foi quando conheci A pedra do reino", explica Ana Bottosso, que assina a coreografia e direção do espetáculo. A obra do dramaturgo paraibano serviu como base de pesquisa e roteirização para que o grupo investigasse quais são as crenças do homem brasileiro. Transpor essa cultura para a plataforma de dança contemporânea foi um dos desafios da companhia. O caminho escolhido foi tomar como ponto de partida a dança dos orixás, compondo a movimentação dos dez bailarinos. Os ensaios duraram quase seis meses. "Não é dança popular, mas um espetáculo contemporâneo sobre cultura brasileira". Crendices#Quem disse? estreou em julho de 2007 em São Paulo. De lá para cá, já são quase 50 apresentações por todo o país.

Para acompanhar os passos do contemporâneo, uma trilha composta pelo grupo Pedra Branca é executada ao vivo, mesclando instrumentos como o didgeridoo (de sopro, usado por aborígenes no Norte da Austrália) e elementos sonoros modernos. "É um espetáculo que ajuda a perpetuar histórias e diz que, a cada um, é permitido acreditar no que quiser", complementa Ana. A última vez em que o grupo esteve no Recife foi em 2002. "Quem sempre articulava nossa vinda para cá era Shiro. Desde que ele morreu, encontramos dificuldades em trazer os espetáculos. Com o festival, foi mais fácil". Os ingressos custam R$ 15e R$ 7,50 (meia).

Novatos - Se a companhia paulista tem 14 anos de formação e uma carreira consolidada, o Janeiro de Grandes Espetáculos recebe, do Sertão pernambucano, um trabalho de dança contemporânea de grupo estreante: a Cia. Qualquer Um dos Dois, que se apresenta também hoje, mas às 19h, no Teatro Apolo. Vire ao contrário é a primeira coreografia da companhia e já foi exibida no Sesc-Piedade (Jaboatão), em Salvador
(onde ganhou um prêmio do projeto Quarta que dança) e Juazeiro, na Bahia, e naturalmente em Petrolina, sua cidade-sede.

No palco, seis bailarinos. "É um espetáculo que fala sobre sobre as escolhas. É a nossa condição diante dos conflitos e possibilidade de que temos que tentar mudar", explica o diretor e coreógrafo Jailson Lima. A inspiração e o nome do espetáculo vieram da tradução de uma música do cantor e DJ americano Moby, que também virou trilha para o grupo. Os ingressos custam R$ 10 e R$ 5 (meia-entrada).

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