segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Fernando Bezerra Coelho, presidente de SUAPE

Homens engravatados lotavam, ontem pela manhã, o auditório do empresarial JCPM, no Pina. A ocasião era solene: o lançamento do projeto Suape Global, no esteio das comemorações do 30º aniversário do Porto de Suape, e a entrega do documento elaborado pela Universidade Federal de Pernambuco para lastrear a iniciativa. Na mesa, entre outros, o governador Eduardo Campos; o secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco e presidente de Suape, Fernando Bezerra Coelho; o presidente da Confederação Nacional das Indústrias, Armando Monteiro Neto; o reitor da UFPE, Amaro Lins; e o presidente da Fiepe, Jorge Corte Real.


Projeto toma como referência para Suape portos como Houston e Calgary. Foto: Ricardo Fernandes/DP/D.A Press
Quem primeiro falou foi o reitor (o primeiro, também, a usar as palavras "orgulho", "honra" e "alegria" relacionadas à empreitada). "Coube à universidade o papel de articular os atores responsáveis pelo desenvolvimento do estado. Levantamos as potencialidades e definimos as estratégias para que os investimentos possam ser perenes e dar sustentabilidade ao pólo provedor de bens e serviços para essa indústria inovadora. Pernambuco será um irradiador de tecnologia", resumiu Amaro Lins. 

Na opinião dele, o foco da articulação academia-estado, saudada como essencial por todos os participantes do evento, são as indústrias para-petroleiras, aquelas associadas ao setor. Já Fernando Bezerra Coelho vai além: "Vamos aproveitar a localização estratégica e superar os investimentos para adensar as cadeias produtivas. Pernambuco pode sair consolidado como um cluster industrial. Temos recursos humanos e ciência e tecnologia para entrar no mercado global". As referências para a implementação do projeto - que não teve um orçamento divulgado, pois é considerado como sendo essencialmente de articulação - são os portos de Houston (EUA), Calgary (Canadá), Noruega e Singapura.

Não por acaso, representantes diplomáticos dos três primeiros países estavam lá. Cônsul do Canadá em São Paulo, Abina Dann forneceu dados sobre a indústria petrolífera de sua nação (3 milhões de barris/dia): "O governo está realmente convencido do enorme potencial de crescimento do Brasil. No mercado que abrange China, Índia e Israel, o Brasil foi escolhido como prioridade. Proponho uma agenda bilateral de missões de empresas e investidores". 

Christopher Del Corso, cônsul dos Estados Unidos no Recife, revelou que em 2009 será aberto no país um escritório da Agência de Comércio e Desenvolvimento dos EUA. "Será o quarto escritório fora do país. E o governo americano está disponível para participar. Queremos fazer um intercâmbio especialmente no Nordeste", sintetizou. Seu colega diplomata norueguês, Erik Hannisdal, reiterou a parceria do país com o Brasil (120 empresas estabelecidas no Rio de Janeiro) e a vontade de "mostrar e dividir a experiência com Pernambuco" - 50% do PIB norueguês vêm das indústrias de petróleo, gás, naval e offshore. "Vamos criar uma plataforma para essa cooperação", disse.

O presidente da CNI reconheceu que "sob o signo da articulação, o projeto contempla uma visão estratégica de que Pernambuco tem capacidade de pensar seus horizontes para além do curto prazo". "Vamos ter um novo padrão de desenvolvimento, ir a um novo patamar industrial e assim ter maior densidade do ponto de vista econômico. Seremos um pólo provedor de bens e serviços", argumentou Neto.

Tão aplaudido quanto, o governador Eduardo Campos comparou o lançamento do Suape Global "à concepção do porto de Suape". "Daqui a 30 anos, quando estivermos no aniversário de 30 anos do Suape Global, constataremos que aqui se iniciou o caminho para que Pernambuco se tornasse uma base importante para prover bens e serviços na indústria de petróleo, gás e energia", garantiu.

Os detalhes

O que é

Suape Global é um pólo provedor de bens e serviços para a indústria de petróleo, gás, offshore e naval. Sua missão é consolidar a região do complexo industrial portuário como "melhor alternativa para abrigar investimentos nessas cadeias produtivas", tornar perene todo investimento feito no e pelo estado no setor e ampliar os horizontes do porto, transformando-o em referência internacional na área.

A que se destina

Seu objetivo é abrigar empresas fabricantes de bens e prestadoras de serviços na indústria de petróleo, gás, offshore e naval. Sua abrangência inclui os municípios que fazem parte do território estratégico de Suape: Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho, Escada, Moreno, Ipojuca e Serinhaém. 

Onde fica

"Suape Global não é só o complexo industrial portuário", avisa o secretário Fernando Bezerra Coelho. Um trecho de 300 hectares já está sendo trabalhado pelos engenheiros para ser "área exclusiva de todos os empreendimentos e equipamentos" a se instalar ali. 

Como funciona

Suape Global vai ser gerenciado em duas instâncias. A primeira é um fórum de articulação comandado pela UFPE e composto pelas secretarias de Educação; Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente; Administração; Planejamento e Gestão; Fazenda. E ainda pela Fiepe, Sebrae, Petrobras, ANP, OMP, IBP, Prominp e CNI. A segunda é o comitê operacional do governo, coordenado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico e tendo Suape como gestor. "É uma unidade técnica e própria para acompanhar a implantação do Suape Global", define Bezerra Coelho.

Quais os desafios

Capacitação da mão-de-obra e melhoria contínua da infra-estrutura. Geração de novos planos industriais para o estado e de uma nova realidade econômica, segundo o governador Eduardo Campos.

Quem já aderiu

Foi assinado um termo de operação entre o governo e a RIP Serviços Industriais S/A, uma empresa do grupo alemão ThyssenKrupp Services, representada pelo diretor-comercial Eduardo Salim e com atuação no campo de refratários, isolamento térmico e acústico e pintura industrial. Vai se instalar em 2 hectares, gerar 2 mil empregos diretos e investir R$ 6 milhões. Outro contrato firmado pelo governo foi de terraplenagem e estruturação do terreno em Escada onde operará a Alphatec, empresa de engenharia naval. O prefeito do Escada, Jandelson Gouveia, e o presidente da Alphatec, Mário Wilson Oliveira, assinaram o termo de operação. Previsão 1 mil empregos diretos até o fim de 2009.

Em 2009

Apresentações do Suape Global já confirmadas: em fevereiro, um road show da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos) em São Paulo. Em junho, o cônsul da Noruega Erik Hannisdal convida o governo de Pernambuco e o programa para visitar a NorShipping, feira da indústria naval, em Oslo. Ainda sem data, uma missão para Calgary, na província de Alberta, no Canadá, para conhecer o centro da indústria do petróleo canadense.
Diário de Pernambuco.

Nenhum comentário: